Um programa da Prefeitura de Maricá garante à população idosa, em especial famílias carentes que residem em locais de difícil acesso, atendimento domiciliar e especializado de saúde. O Programa de Atenção à Saúde do Idoso (PASI) beneficia atualmente 400 pessoas e realiza 90 atendimentos por mês. Os pacientes, em geral, apresentam quadro de doenças crônicas, degenerativas ou são vítimas de Acidente Vascular Cerebral (AVC), Acidente Vascular Encefálico (AVE), diabetes e hipertensão.
Mais de 95% dos atendidos são idosos, mas em alguns casos o programa é estendido para outros integrantes da família que também apresentem alguma doença crônica ou degenerativa. O casal de aposentados Francisco José de Souza Junior, de 72 anos, e Noêmia Maria de Souza, 65, por exemplo, teve cinco filhos. Quatro desenvolveram patologia degenerativa que paralisa a fala e atrofia os músculos. Como a doença não tem cura ou diagnóstico de origem, o PASI é o conforto possível e necessário na dura rotina da família, que vive no bairro do Caju.
Dos quatro filhos (dois homens e duas mulheres), um morreu aos 28 anos e os outros têm idade entre 41 e 45 anos. Segundo o pai, a doença deu sinais ainda na infância. “A Marcia e a Vanúzia tinham menos de 10 anos e o Carlos começou a perder a força nas pernas aos 17. Ninguém sabe o que é isso”, conta Francisco, que é hipertenso e precisa carregar os filhos no colo porque não podem andar. “Sem o apoio psicológico e atendimento médico do PASI não teríamos como seguir com o tratamento. Todos os remédios são gratuitos nos postos da prefeitura e os exames são feitos sem precisar sair de casa”, declara, emocionado, o aposentado.
Segundo o médico Maurício Himelfarb, este é um exemplo de família que precisa de acompanhamento. “Viemos aqui na primeira vez, há dois anos, para tratar dos pais e encontramos essa situação. Eles são hipertensos e a Noêmia também é diabética. Precisam dar atenção integral aos filhos, que necessitam de ajuda para tudo, além de cuidar da própria saúde”, declara o especialista em geriatria e angiologia.
Equipe multidisciplinar e preocupação com o emocional
Também no Caju, outra família recebe a atenção especial do PASI. Um casal de idosos mora numa casa com sete parentes, entre filhos e netos. Nádia Rodrigues Figueiredo, de 57 anos, teve um AVC e sofre de atrofia na perna e braço direito. “Ela não anda e está fazendo fisioterapia para melhorar os movimentos. É um caso complexo porque o marido tem 74 anos, teve AVC recentemente e também precisa de cuidados. Além disso, a única pessoa que trabalha é a filha, porque as demais são crianças”, explica o coordenador Jonas Gerhardt.
O programa conta com uma equipe de 17 profissionais, entre médicos, psicólogos, assistentes sociais, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, nutricionistas, enfermeiros e dentistas. Além de coordenar a equipe, Jonas é psicólogo e acompanha as visitas. Segundo ele, em geral os pacientes são encaminhados pelo Centro de Referência Especializado da Assistência Social (CREAS), pelo Programa de Saúde da Família ou pelo Ministério Público. “Lidamos com casos muito complexos, como pacientes com AVC e mal de Alzheimer. É muito gratificante ver a melhora dos pacientes”, afirma o coordenador, acrescentado que a periodicidade dos atendimentos varia de acordo com a complexidade dos casos. “As visitas podem ser quinzenais, mensais ou bimestrais”, informa.
Para o cadastramento no programa, basta que a família do idoso apresente o documento de identidade, cartão com número do CPF, cartão do SUS e comprovante de residência do beneficiado. A coordenação do programa fica na sede da secretaria municipal de Saúde (Avenida Roberto Silveira, 46, 2º andar, Centro). O telefone é o 9673-8478.
Médico do PASI ganha prêmio nacional
O trabalho que o médico Maurício Himelfarb, especialista em geriatria e angiologia, realiza em Maricá com a equipe de profissionais do PASI foi reconhecido nacionalmente. Em junho deste ano, ele recebeu o Prêmio Excelência e Qualidade Brasil, homenagem prestada às personalidades e profissionais que se destacaram em 2013. O prêmio é promovido pela Associação Brasileira de Liderança e aconteceu na Assembleia Legislativa de São Paulo.
O especialista ganhou o prêmio na categoria “Trabalho de Sustentabilidade Social com Pacientes de Baixa Renda”. O geriatra e angiologista realiza esse trabalho há 30 anos em municípios da Região dos Lagos, como Maricá, Saquarema e Araruama. “O atendimento em Maricá apresenta o diferencial de atender pessoas da terceira idade que não têm recursos. A maioria esmagadora que não poderia pagar pelos serviços que a gente presta”, avalia. “Isso é o que me deixa mais feliz”, complementa.
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