terça-feira, 11 de setembro de 2012

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Jornal O Globo (RJ)


Barbosa vota pela condenação de 9 réus por lavagem de dinheiro
'Divisão de tarefas foi típica de crime organizado', disse ele, que ainda citou encontros de Dirceu


BRASÍLIA - O relator do processo do mensalão, Joaquim Barbosa, votou pela condenação de nove réus do núcleo financeiro e publicitário por lavagem de dinheiro nesta segunda-feira. Ele retomou o julgamento com a análise do item 4 da denúncia do Ministério Público, que enquadra dez réus. Apenas Ayanna Tenório - absolvida pelos demais ministros quanto ao crime de gestão fraudulenta - foi absolvida por Barbosa em relação ao crime de lavagem de dinheiro. O relator pediu a condenação de Marcos Valério, Ramon Hollerbach, Cristiano Paz, Rogério Tolentino, Simone Vasconcelos, Geiza Dias, José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Kátia Rabello.
De acordo com o ministro, os integrantes do chamado núcleo publicitário "dissimularam a natureza, origem, localização, movimentação e disposição de valores milionários, bem como ocultaram os beneficiários dessas quantias".
- A lavagem foi praticada pelos réus em uma atuação orquestrada, com unidade de desígnios e divisão de tarefas típicas de crime organizado - afirmou Barbosa, citando laudos periciais que comprovam que a SMP&B emitiu 2.987 notas fiscais falsas. O relator também apontou diferenças significativas nos documentos de contabilidade da DNA Propaganda:
- Manipularam, falsificaram e alteraram o registro de documentos, de modo a alterar a movimentação de ativo e passivo. (...) e aplicaram práticas contábeis indevidas.
Segundo Barbosa, os integrantes do chamado núcleo financeiro do Banco Rural - em conluio com Marcos Valério, Ramon Hollerbach, Cristiano Paz, Rogério Tolentino, Simone Vasconcelos e Geiza Arruda - se envolveram na simulação de empréstimos bancários, formalmente contraídos pela instituição. Os dirigentes do banco também teriam feito sucessivas renovações nos empréstimos, com incorporação de encargos financeiros, além de classificarem de forma incorreta o risco das transações e manutenção dos empréstimos mesmo sem as garantias financeiras necessárias.
Segundo o relator, os empréstimos contraídos no BMG e no Banco Rural não foram registrados na contabilidade original da SMP&B, mas lançados somente depois da divulgação dos fatos pela imprensa
- Lançadas, não. Maquiadas - corrige o relator.
Encontros de Dirceu com Valério e Kátia são 'reveladores'
Joaquim Barbosa disse que Kátia Rabello, ex-presidente do Banco Rural, sabia que a verba dos empréstimos beneficiaria as pessoas indicadas por Delúbio Soares a Marcos Valério. Neste contexto, ele diz ser "revelador" que José Dirceu tenha se reunido com Kátia e Valério.
- Parece bastante revelador o fato de Kátia Rabello ter participado de pelo menos duas reuniões com o ex-ministro da Casa Civil: uma no Palácio do Planalto e outra no restaurante Ouro Minas. Era o próprio Marcos Valério que agendava essas reuniões. Não bastasse isso, ele chegou a participar da reunião realizada entre Kátia e José Dirceu no Palácio do Planalto.
Barbosa confrontou o discurso dos réus com os fatos relatados na denúncia:
- Embora Kátia Rabello e José Dirceu admitiram não ter tratado do esquema, é imprescindível atentar para que não se trata de fato isolado, de meras reuniões entre dirigentes do banco e ministro da Casa Civil, mas de encontros ocorridos no mesmo contexto a que se dedicava a lavagem de dinheiro o grupo criminoso apontado na denúncia, com utilização de mecanismos fraudulentos para encobrir o caráter desses mútuos (empréstimos) fictícios.
Peritos alegam dificuldade na análise
Citando os laudos técnicos, Barbosa destacou a observação de peritos, que chamaram a atenção para as dificuldades que tiveram ao analisar a contabilidade do grupo e as várias alterações feitas nos documentos.
- Dessa forma, é dever dos peritos ressaltar às autoridades que, considerando essas alterações contábeis, a simulação de contratos de mútuos, as correspondências da SMP&B à prefeitura de Rio Acima, as análises periciais futuras podem ser afetadas, de maneira que a realidade não apareça - relatou o ministro.
Barbosa também citou um empréstimo de R$ 10 milhões, obtido por Rogério Tolentino a pedido de Marcos Valério. Tolentino teria ssinado três cheques, sem saber como esse dinheiro foi utilizado. Apenas dois cheques de Marcos Valério foram depositados em nome da empresa Bônus Banval.
- Valério encampa esta versão, e disse ainda que "a totalidade desse empréstimos teria sido repassada à 2S Participações e SMP&B para fazer pagamentos de débitos de campanhas pelo senhor Delúbio Soares" - disse Barbosa. A estratégia foi empregar R$ 10 milhões desviados como garantia de um dos empréstimos fictícios, buscando "limpar" o montante recebido:
- A reforçar o caráter simulado desse mútuo de R$ 10 milhões junto ao banco BMG, há o fato de que a primeira renovação desse empréstimo rolou o principal da dívida.
O relator reforçou a tese, demonstrando que o escritório não se enquadrava nos critérios exigidos por lei - seja por ter no seu quadro societário uma pessoa que não é advogada (Vera Maria Soares Toletino, mulher de Rogério), seja por ter seu registro em comarca inadequada:
- Não havia portanto à época em que foi feito o empréstimo, informação confiável sobre a robustez econômica da empresa.
Sobre esse mesmo empréstimo, de R$ 10 milhões, Barbosa disse ainda que Valério mentiu em depoimento sobre a sua destinação. Ele não cita o repasse à empresa Bônus Bonval.
- Marcos Valério mentiu em seu interrogatório ao afirmar que este valor teria sido repassado em sua totalidade á 2S e à SMP&B, deixando de citar a Bônus Banval - disse o relator, que depois afirmou que Valério muda o discurso "conforme as circunstâncias".
Sacadores ocultos
Para Barbosa, a principal etapa da lavagem de dinheiro foi a ocultação dos nomes dos favorecidos pelos saques já que o Banco Rural tinha real conhecimento dos destinatários destes empréstimos, pois eram informados por Marcos Valério depois de indicados por Delúbio Soares.
- Os saques eram efetuados por meio de cheque nominal da própria SMP&B a título de pagar fornecedores. Ela apresentava documento timbrado do Banco Rural denominado controle de transações em espécie, saída de recursos, pagamento, informando quem era o titular da conta sacada e não discriminava os fornecedores. Era a portadora dos recursos - explica Barbosa. - Em que pese o fato das normas de lavagem de dinheiro, o Banco Rural acatava instrução de pagamento por e-mail solicitando que o valor do cheque fosse pago a determinada pessoa, ainda que recebesse o documento com informações conflitantes em data anterior.
Levando em conta apenas o que foi descrito na denúncia, foram identificadas e comprovadas 46 operações de lavagem de dinheiro através desses recursos disponibilizados pelo Banco Rural:
- Há nos autos até mesmo e-mails enviados por Geiza Dias ao Banco Rural informando quem era a pessoa que, na realidade, receberia o dinheiro, embora o Banco Rural informasse ao BC e ao Coaf que a quantia seria retirada pela própria SMP&B - complementa Barbosa.
Citando os testemunhos de Raimundo Cardoso e João Claudio Genu, o relator descreve o comportamento de Simone Vasconcelos, então diretora financeira da SMP&B, na hora da retirada do dinheiro. Simone sequer contava o valor do montante retirado na agência do Banco Rural.
- A agência Assembleia encaminhava através de fax uma espécie de autorização de pagamento, com o intuito de que a pessoa discriminada recebesse o valor do cheque da SMP&B. E não se recorda de nenhum recebedor dessas quantias elevadas ter contado o dinheiro naquele ato; que se recorda que a senhora Simone esteve várias vezes na agência para receber os valores (...) (João Claudio Genu), ao se encontrar com ela, entregava uma pasta. Ela não conferiu o valor recebido.
Barbosa não aceita versão de funcionária 'mequetrefe'
Sobre a conduta de Simone Vasconcelos e Geiza Dias, que sustentaram em suas defesas apenas cumprir ordens, Barbosa afirmou que tal argumentação é irrelevante para determinação da culpa dos acusados. Geiza Dias, chamada por seu advogado de funcionária 'mequetrefe', cometeu "uma série de ações ilícitas com o objetivo de lavagem de dinheiro", segundo o relator.
- Não há como prosperar a tese de Simone Vasconcelos e Geiza Dias de que eram funcionárias e que cumpriam ordens. Ademais, não se trata de uma ou outra conduta isolada, mas uma série de ações ilícitas com o objetivo de lavagem de dinheiro. Elas apenas agiam por ordens dos sócios da SMP&B, mas esse fato é irrelevante na coautoria dos delitos, cabendo a cada coautor determinadas funções. É incabível a tese de Simone que, por ser mera empregada, não podia desobedecer as ordens dos sócios sob pena de perder o seu emprego - disse ele, que concluiu:
- Simone tinha plena consciência da ilicitude de sua conduta. Erra no mínimo absurda a afirmação de alguém, por medo de perder emprego, estaria livre para praticar crimes.
Dez acusados no banco dos réus
Na lista de acusados neste item do processo estão o publicitário Marcos Valério, seus dois sócios na SMP&B, o advogado Rogério Tolentino, a ex-diretora da agência de publicidade Simone Vasconcelos e a secretária Geiza Dias, além de três ex-dirigentes e o atual vice-presidente do Banco Rural.
Se os acusados forem condenados, os ministros abrem caminho para fazer o mesmo em relação aos políticos que foram à boca do caixa do Rural receber dinheiro do valerioduto.




Jornal do Brasil (RJ)

Brasil faz 8 na frágil China, empolga torcida e bate recorde com Mano 

A Seleção Brasileira soube se aproveitar da fragilidade da China nesta segunda-feira. Em amistoso disputado no Estádio do Arruda, em Recife, a equipe nacional goleou por 8 a 0 a seleção asiática, que é a 78ª colocada no ranking da Fifa (Federação Internacional de Futebol). Se não serviu como teste real, a partida pelo menos empolgou os 29.653 pernambucanos presentes e quebrou um recorde: foi a maior goleada da equipe sob o comando de Mano Menezes, marca que antes era da vitória por 4 a 1 sobre os Estados Unidos. Disposta a afastar o ambiente de críticas criado pela vitória magra contra a África do Sul, em São Paulo, a Seleção Brasileira teve uma atitude que chamou atenção antes de a bola rolar: os jogadores cantaram o hino nacional abraçados, possivelmente para demonstrar união diante do momento de crise. Atitude esta que lembrou outro momento da Seleção: em 1993, quando a equipe tinha dificuldades nas Eliminatórias, enfrentou a Bolívia exatamente em Recife e entrou de mãos dadas. Naquela oportunidade a vitória também foi de goleada, por 6 a 0, e marcou a mudança de rumo no trabalho que culminou com o tetracampeonato.
O Brasil chegou à terceira vitória consecutiva, é verdade, mas ainda pesam sobre o trabalho de Mano a decepção pela medalha de prata olímpica, o fracasso na Copa América e as derrotas para os grandes do futebol Argentina, França e Alemanha. Por isso, sem ter espaço para novos tropeços, Mano tem mais três jogos com a Seleção principal. Um contra o Japão, na Polônia, no dia 16 de agosto, e mais dois sem adversário definido. Antes, apenas com jogadores locais, o Brasil enfrenta a Argentina pelo Superclássico das Américas nos dia 19 de setembro, em Goiânia, e 3 de outubro, em Resistencia.
Quando a bola rolou nesta segunda, logo o Brasil viu que tinha um adversário frágil pela frente. Se Mano Menezes queria dar mais movimentação ao time com a entrada de Hulk, então certamente ficou feliz com a primeira chance criada pelo Brasil, já aos 6min. Afinal, Hulk saiu da área, fez um bom passe para Oscar, que se infiltrou e conseguiu cruzar na cabeça de Neymar. Mas o atacante do Santos não acertou a bola em cheio e jogou para fora.
E de fato o Brasil estava diferente em comparação com o duelo contra a África do Sul: Hulk ficou mais pela direita, Lucas foi para a esquerda, enquanto Neymar jogou na área durante a maior parte do tempo. Tudo isso para fugir da retranca da China, que pouco jogou - a posse de bola chegou a ser de 80% para o Brasil.
O Brasil até começou com dificuldades para entrar na área, mas aos 22min a China não resistiu: Ramires tabelou com Lucas, disparou em velocidade e tocou por cobertura para superar o goleiro. E não demorou para que a vantagem brasileira aumentasse: aos 25min, Oscar foi lançado na área e tocou para Neymar, que estava sozinho e só empurrou a bola para o gol. Nas duas comemorações todos os dez jogadores de linha se abraçaram, o que pode ser mais uma demonstração de união, após duras críticas recebidas em São Paulo.
A festa poderia ter aumentado aos 32min, mas Oscar errou de maneira inacreditável: após drible de Neymar na esquerda, o meia do Chelsea recebeu a bola embaixo do gol, sem nenhuma marcação, mas conseguiu chutar a bola no travessão. Neymar ainda fez outro belo lance aos 40min, quando driblou o mesmo chinês duas vezes e chutou pro gol, mas a bola foi afastada quase em cima da linha.
Aos 3min da segunda etapa o Brasil já continuou seu massacre: Hulk entrou na diagonal pela direita e encontrou Lucas sozinho, que só tocou na saída do goleiro. Apenas três minutos depois, Neymar chutou de longe na travessão, mas o rebote ficou com Hulk, que teve mais sorte e acertou seu chute rasteiro no fundo do gol.
Aos 8min, o Brasil chegou ao seu terceiro gol em apenas cinco minutos: Marcelo avançou pela esquerda até a linha de fundo e tocou rasteiro para Neymar, que estava sozinho na pequena área e fez mais um. O gol seguinte foi praticamente um replay, mas do outro lado: Oscar foi quem tocou para Neymar, que estava livre de novo e marcou mais uma vez. Não perca a contagem: nesse momento o Brasil já vencia por 6 a 0.
Mas a China ainda conseguiu uma improvável chance de gol: pouco exigido, o goleiro Diego Alves teve que se esticar para fazer difícil defesa aos 35min, após cabeceio em cobrança de escanteio. Mas tudo voltou ao normal na sequência: o chinês Jianye Lin tentou cortar um passe na área e acabou marcando contra, deixando ainda mais fácil uma vitória que era nada difícil para o Brasil.
Tanto que o placar ainda foi aumentado aos 28min, quando o juiz viu pênalti em Marcelo. Oscar foi para a cobrança e fez o oitavo gol do Brasil. Mano abusou das substituições na sequência e, com um time totalmente modificado, a Seleção quis apenas administrar a vitória até o final. Ainda houve um inesperado susto, com o chute cruzado de Yuan aos 44min, mas o gol de honra da China não saiu.



Folha de São Paulo (SP)

Dilma manda sinal a petistas ao indicar novo ministro ao STF

Dona da toga A indicação de Teori Zavascki para o Supremo Tribunal Federal causou perplexidade em correntes do PT que tentavam emplacar candidatos à vaga. Ao antecipar a escolha e optar por mais um magistrado de carreira, Dilma Rousseff deu, no entender de petistas, outro sinal de que não agirá para ajudar os réus no processo. Nas sondagens a Zavascki, emissários do Planalto disseram que, apesar de o regimento interno permitir, não seria conveniente que ele votasse no caso.
Devagar Se Dilma enviar a mensagem à CCJ hoje, o presidente da comissão, Eunício Oliveira (PMDB-CE), tentará fazer sua leitura ainda nesta semana, mas a sabatina de Zavascki deve ocorrer apenas no próximo esforço concentrado, previsto para o dia 28.
DNA 1 No STF, a decisão foi bem recebida, mas surpreendeu ministros, já que Zavascki é próximo do ex-ministro Nelson Jobim --que deixou o governo após críticas--e tem ligações com Gilmar Mendes, que chegou ao Supremo no governo FHC.
DNA 2 No Twitter, o governador Tarso Genro reivindicou a paternidade da indicação do novo titular do STF.
Resumo Diferentemente do relator, Joaquim Barbosa, que passou toda a sessão de ontem lendo seu voto, o revisor Ricardo Lewandowski deverá levar de duas horas e meia a três horas no item de lavagem de dinheiro dos dirigentes do Banco Rural, que o STF analisa esta semana.
Seu bolso O governo vai lançar uma cartilha, editada pelo Ministério de Minas e Energia, para explicar como será a redução na conta de luz do consumidor, anunciada em pronunciamento no Sete de Setembro. Dilma vai detalhar a medida hoje.
Aula prática Além da cartilha, o governo vai promover um workshop para cerca de 500 representantes do setor elétrico na pasta comandada por Edison Lobão.
Saúde... Gilberto Kassab comemora pesquisa encomendada pela Associação Comercial que detectou altas taxas de aprovação aos serviços municipais de saúde --setor apontado como mais deficiente pelos eleitores.
...é o que interessa Foram consultados usuários dos ambulatórios de especialidade médicas e dos programas Remédio em Casa e Mãe Paulistana, todos com índices de aceitação oscilando entre 72% e 100%. A entidade de que custeou o estudo mantém estreita ligação com o PSD, nova sigla do prefeito.
Oremos 1 No debate promovido pela Igreja Católica, previsto para o dia 20, grupo de 300 padres poderá questionar cinco candidatos à prefeitura. Um dos temas será a manutenção das parcerias de unidades de saúde com Organizações Sociais, muitas vinculadas à Arquidiocese de São Paulo.
Oremos 2 Mesmo que fique configurada propaganda eleitoral em templos religiosos, infratores estão sujeitos apenas a multas de valores que oscilam entre R$ 2.000 a R$ 8.000. A punição judicial refere-se ao uso irregular de prédio sob licença pública.
Cidade suja Depois de resistir ao uso de cavaletes por considerar que sujam a cidade, a campanha de José Serra distribuiu 300 deles a cada candidato a vereador. O PSDB mudou de ideia diante da proliferação de cavaletes de Fernando Haddad (PT) e Celso Russomanno (PRB).
Veja bem O governo paulista diz que a liberação de 141 policiais para os Jogos Acadêmicos da PM, em Manaus, não interfere no patrulhamento. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, o grupo está em formação na Academia do Barro Branco.


Estadão (SP)

Receita libera consulta ao 4º lote de restituição do IR 2012

A Receita Federal libera nesta terça-feira, 11, a consulta ao quarto lote de restituição referente ao Imposto de Renda deste ano. Além disso, será liberada a consulta a lotes residuais dos anos de 2008, 2009, 2010 e 2011.
O depósito do dinheiro, tanto para o quarto lote de 2012 como para os residuais de 2008 a 2011, ocorrerá na próxima segunda, 17. Serão creditados R$ 1,8 bilhão para 1,958 milhão de contribuintes. O exercício de 2012 corresponde à maior parte do dinheiro – R$ 1,7 bilhão.
Os contribuintes que não entraram nas relações de restituição liberadas até o momento devem verificar no extrato da Declaração do Imposto de Renda Pessoa Física 2012 se existem pendências ou outros motivos para a retenção em malha fina. O documento está disponível no Centro Virtual de Atendimento ao Contribuinte (e-Cac).
(Com informações da Agência Brasil)

Zero Hora (RS)

Piratini: Rebelião contra o Império

Visitar Piratini é como ingressar no vertiginoso túnel do tempo da Guerra dos Farrapos, regressar ao início do século 19 sem escalas, botar os pés nos mesmos lugares onde andaram Bento Gonçalves, Antônio de Souza Netto e Giuseppe Garibaldi. Passados 176 anos da escolha para ser a capital da República Rio-Grandense, a cidade guarda, com suas cicatrizes e seus encantos, o cenário da rebelião contra o Império do Brasil. Pelo rumo que se tomar nas ruas centenárias, depara-se com algum legado farroupilha. Pode-se começar pelos três prédios tombados como patrimônio nacional. No sobrado que abrigou o Palácio de Governo, caminha-se por escadas – a madeira a estalar antigos ruídos – onde circulou o multiministro Domingos José de Almeida, o mentor administrativo da república. Dentro do palacete, salas de teto alto são arejadas pelos mornos ventos de setembro.

Não se deve ter pressa ao esquadrinhar Piratini. Uma estranha casa, com cinco portas e apenas uma janela, hospedou Garibaldi e Luigi Rossetti, que escaparam da Itália por serem carbonários (sociedade secreta revolucionária), os inimigos das tiranias. Na residência, de telhado ondulado, Rossetti editou o jornal O Povo, cujo exemplar custava 80 réis – menos da metade do preço de uma garrafa de cerveja.

A atmosfera revolucionária é realçada quando se chega ao sobrado onde operou o Ministério da Guerra. Assentado no topo da cidade, oferece vista para a Serra dos Tapes – chamada Asperezas pela vegetação espinhosa e pelos cerros que se erguem como sentinelas na vastidão do pampa. No interior do prédio, fica o Museu Histórico Farroupilha, que exibe relíquias da insurreição. Cavalos, espadas e modista francesa

Não foi por acaso que o governo de secessão se instalou em Piratini, como evidenciam as dezenas de locais que se pode conhecer atualmente.

Além da posição geográfica estratégica – perto do Uruguai e guarnecida por obstáculos naturais –, dispunha de casarões e sobrados para abrigar os ministérios. E oferecia um fator tão vital como a pólvora: o entusiasmo libertário de Manoel Lucas de Oliveira, Joaquim Pedro Soares, Joaquim Teixeira Nunes e outros.

— Piratini foi o centro político e revolucionário — define a diretora do Museu Histórico Farroupilha, Angélica Panatieri, 45 anos.

O povoado florescia às vésperas da sedição. Como o censo de 1814 apontou 3.673 moradores – dos quais 1.535 eram escravos negros e 182 indígenas –, é possível que contasse com cerca de 5 mil habitantes ao se tornar a capital do separatismo. Plantava-se algodão, cevada, linho e trigo. Produzia-se vinho, carne de gado e lã.

Havia até uma fábrica de cerveja, do açoriano Lucindo Manoel de Brum, que vendia a garrafa a 200 réis. Não se sabe até que ponto a conflagração afetou a produção da bebida. O prédio, com amplas portas e vitrais, continua elegante, mas hoje tem outra função.

Um serviço de correios a cavalo, lançado em 1832, fazia a rota Piratini a Pelotas, prometendo três entregas de cartas, malotes e baús por mês. Estafetas e chasques percorriam 118 quilômetros, por atalhos, para cumprir a missão.

É provável que tenham esfalfado as montarias às vésperas da revolução, para atender as trocas de mensagens entre os conspiradores da região.

Piratini não era reduto somente de botas embarradas, cavalos suados e soldados afiando o gume das espadas. A diretora do Museu Municipal Histórico Barbosa Lessa, Daniele Amaral, 27 anos, destaca o aspecto refinado. Damas frequentavam o Teatro Sete de Abril e se vestiam pelas tendências europeias. Não sujavam os sapatos no barro, caminhavam em calçadas de pedra, assentadas pelo suor dos escravos.

— Havia uma modista francesa na cidade — conta Daniele.

A cada setembro, aumenta o turismo a Piratini. Uma das principais atrações é a encenação temática, com 12 atos e 25 intérpretes. Os moradores se transformam em Bento, Garibaldi, Anita, Canabarro, Souza Netto. Um dos atores, o policial civil Luciano Dutra Almeida, 35 anos, acha fácil representar.

— Vivemos dentro do próprio cenário. Bebemos na fonte. Se abro a janela, vejo a casa do Garibaldi — conta ele, que gosta de encarnar Domingos de Almeida.


Correio Braziliense (DF)

Distrital altera verba de melhorias em Águas Claras para impressão de gibis

Distrital altera destinação de emenda que visava promover melhorias em Águas Claras e beneficia empresa de amigo do administrador da cidade e "homem de confiança" do deputado. Sem licitação, a firma produziu gibis e desenhos animados no valor de R$ 1 milhão
Criada para absorver parte do crescimento desenfreado do Distrito Federal, Águas Claras é uma cidade ainda em formação, com necessidades de infraestrutura, como calçamento, iluminação pública, engenharia de trânsito. A região chamada de Águas Claras vertical, por exemplo, ainda não tem delegacia, posto de saúde, nem escola pública. Com base nesse histórico de carências, o distrital Olair Francisco (PTdoB) destinou em 2011 um total de R$ 3 milhões em emendas para obras de urbanização do bairro que se tornou seu reduto político e eleitoral. Até aí, parece fazer sentido. Começa a ficar suspeito quando, neste ano, o deputado autoriza a realocação de R$ 1 milhão dessa verba para financiar projeto cuja empresa contratada sem licitação tem como vice-presidente um amigo de longa data do atual administrador da cidade, Manoel Carneiro, homem da confiança de Olair. Documentos como o contrato, as notas de empenho e os quadros de detalhamento de despesas demonstram a mudança de destinação de R$ 1 milhão anteriormente alocados a obras de infraestrutura para um projeto de “realização de evento e apoio à campanha educacional” na cidade. A verba praticamente milionária (R$ 992.500) foi usada para contratar em maio a empresa Middle Way Editorial LTDA. A parceria entre a administração e a firma tem como objeto a confecção de cinco edições de 50 mil exemplares, ou seja 250 mil unidades, de revistas em quadrinhos e a produção de desenhos animados educativos com duração de cinco minutos.

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