Tunan Teixeira
Não é de hoje que a oposição feita pelo vereador Marcel
Silvano (PT) na Câmara Municipal de Macaé vem chamando atenção na cidade. Não à
toa, o jovem vereador teve seu mandato renovado pelos próximos 4 anos, nas
última eleições municipais.
Um dos poucos políticos do município a aguentar o tranco da
perseguição que seu partido vem sofrendo em todo país, Marcel se manteve firme,
diferente de seus ex-colegas de partido, Danilo Funke (REDE), Igor Sardinha
(PRB), Maxwell Vaz (SD), Guto Garcia (PMDB) e Luciano Diniz (PMDB), que
abandonaram o barco.
Aguentou e aguentou firme, defendendo os ideiais
democráticos do partido, a presidente eleita, Dilma Rousseff (PT), e
denunciando o golpe jurídico-parlamentar orquestrado pelo deputado preso,
Eduardo Cunha (PMDB), e que culminou com o impeachment que levou Michel Temer
(PMDB) à Presidência da República.
Mesmo na oposição ao governo do PMDB em Macaé, Marcel sempre
defendeu uma postura independente do partido na Câmara, e agiu assim em todas
as votações em que participou. Votou contra e a favor das propostas do governo,
conforme entendia que elas eram boas ou ruins para a cidade.
Apesar da rixa com alguns antigos vereadores, como Paulo
Antunes (PMDB) e Julinho do Aeroporto (PMDB), Marcel foi ganhando o respeito dos
parlamentares, principalmente do Presidente da Câmara, Dr. Eduardo Cardoso
(PPS), sendo, inclusive, algumas vezes, até elogiado por seus rivais do PMDB.
Tudo porque, diferente dos demais vereadores de oposição,
que parecem defender apenas seu lado, o vereador do PT deixa longe as disputas
pessoas e até partidárias quando o assunto é a cidade. Podia votar cegamente
contra tudo que vem do PMDB, mas não o faz. Como não fez na votação da
LDO-2017. E como não fez na votação do pacote econômico da prefeitura, que
conferia benefícios fiscais às prestadores de serviço do setor do petróleo,
onde, num momento de sono da bancada do governo, ele impediu que a votação da
proposta fosse atrasada.
Com as saídas de Igor, Amaro Luiz (PSB) e Chico Machado
(PDT), tudo indica que deve assumir o papel de líder da oposição na Câmara
pelos próximos 4 anos. E tomara, pelo bem do governo e da cidade, que seja
assim. Porque Marcel vem demonstrando que é possível fazer uma oposição
responsável politicamente, sem precisar de boatos e factóides para criticar o
que não concorda. É a diferença entre não concordar com o governo e não
concordar com o prefeito. Oposição não é pessoal. Ou pelo menos, não deveria
ser.
Na sessão em que foi votada e aprovada a LDO-2017, na semana
passada, Marcel novamente deu uma aula aos seus colegas de bancada, de como se
fazer oposição com responsabilidade. Tendo recebido uma enxurrada de
questionamentos sobre a possibilidade de demissões em massa de servidores
públicos municipais, graças a um discurso eleitoreiro do seu colega de oposição
Maxwell, às vésperas das eleições, Marcel foi às redes sociais desmentir os
boatos e apaziguar os ânimos dos servidores. Na sessão, não deixou de criticar
o governo pela falta de uma postura mais aberta e por uma construção de
políticas públicas “vertical”, como ele chamou, sem transformar o discurso numa
acusação pessoal. Criticou o governo, como a oposição deveria fazer. Mas deixou
o pessoal de fora mais uma vez.
Como conseqüência, foi elogiado por Paulo Antunes, por fazer
uma “oposição lúcida” e “construtiva”, uma oposição que “ajuda o governo a
fazer melhor” e a “errar menos”. Algo que deveria ser aprendido por todos os
nossos políticos, pelos bem das nossas cidades, estados e do país.
Se não se perder em questões particulares e mesquinhas, como
parece ter acontecido com seus colegas de bancada, Marcel tem tudo para
pavimentar uma grande mudança na política macaense, que é a da oposição que
debate política e não simplesmente critica. Talvez eu esteja sendo utópico, mas
pode significar ainda uma oposição disposta a dialogar com o governo na
tentativa de construir uma cidade melhor, como a política deveria ser. Mas,
seguramente, deixando uma lição: oposição responsável é possível.