Dentro desse trabalho estão as novas terminologias e desafios com relação à aplicabilidade dos temas que foram apresentados à imprensa neste segundo dia de congresso, no painel: Novos Olhares, Novas Perspectivas nas Políticas Públicas com Crack, Álcool e outras Drogas. A construção desta nova realidade, conforme as diretrizes traçadas pelos ministérios da Saúde e Justiça, foi discutida, pela manhã, por representantes da Coordenadoria de Drogas, das secretarias de Desenvolvimento Social, Saúde, Ordem Pública, Comunicação e Governo e das subsecretarias da Infância e Juventude (Sinjuv) e de Acessibilidade, que reuniram a mídia local num café da manhã.
O objetivo, segundo o coordenador de Políticas sobre Drogas, Gleison Guimarães, é que a mídia, um instrumento democrático de direito, potencialize e instrumentalize os debates sobre a temática que envolve as pessoas e as substâncias psicoativas, seus familiares e a sociedade como um todo, já que a responsabilidade social é de todos.
- Apresentamos novas diretrizes de socialização da informação relativas às políticas públicas para crianças e adolescentes, pessoas com deficiência, política sobre drogas e pessoas em situação de rua. Na concepção histórica de redução de danos com a política pública como ferramenta intersetorial, o tema ganha dimensão maior que a prevenção, mas também com a ótica de cuidado diferente, de forma a dar oportunidade, de ouvir deixando o outro à vontade para discutir o seu problema - explicou Gleison.
Nesta estratégia de redução de danos, a mídia participa com a responsabilidade de mudar a forma da linguagem que, em vez de cuidar do outro, o afasta, faz com que o usuário tenha medo de se aproximar dos profissionais de saúde. “Essa atitude proibicionista, com o uso de palavras como combate, antidrogas, não é a ideal para discutir o assunto. É importante, então, que a mídia, de modo geral, esteja afinada com as novas terminologias, seguidas pela Política Nacional sobre Drogas e que desenvolvemos em Macaé”, completou o coordenador.
No painel foram abordados os termos que eram usados e os atuais que precisam ser construídos cotidianamente por todos para um resultado positivo desse trabalho socioeducativo: higienização e recolhimento versus atenção, cuidado e acolhimento; portador versus pessoa com deficiência; antidrogas, contra drogas versus políticas sobre drogas; morador de rua, mendigos versus pessoas em situação de rua; ruptura do conservadorismo ortodoxo versus práticas democráticas; guerra e combate versus controle às drogas, que é a proposta básica do trabalho.
A secretária de Desenvolvimento Social, Ivânia Ribeiro, enfatizou que recolher a pessoa da rua compulsoriamente não pode e não resolve a problemática nem dela, nem da família, menos ainda do coletivo. “Usuários de drogas também têm as suas famílias e precisam de atenção, é esta a política nacional que o município segue”, afirmou.
A gerente do Programa de Saúde Mental da Secretaria de Saúde (Semusa), Monica Andrade, lembrou que dependência química é doença crônica, envolve pessoas com transtorno mental e que necessitam de acolhimento, atendimento especial. Em Macaé, segundo ela, a equipe multidisciplinar do Consultório na Rua consegue tratar as pessoas em situação de rua e fazer o acolhimento com abordagem pontual indo até elas em seus “territórios”, oferecendo o que essas pessoas precisam para ter uma vida melhor. Mas o trabalho não termina ali. O paciente é atendido na rua e informado que pode continuar o atendimento na rede de cuidados básicos do município, na medida em que ele desejar fazer o acompanhamento de seu caso. São pessoas envolvidas com o uso de crack, algumas com o HIV e outras doenças, bem como dependência do tabaco e álcool que são drogas lícitas no país, mas que também matam e mutilam seres humanos.
- Há pessoas com deficiências vítimas de acidente de trânsito envolvendo o uso de álcool e outras drogas. E ninguém está livre de ter um parente nessa condição, por isto é um compromisso de toda a sociedade, todos os cidadãos, acolher e cuidar dessas pessoas porque cada um tem a sua história de vida - destacou a subsecretária de Acessibilidade, Maria Luíza Vaccari Quaresma, de forma compartilhada com a subsecretária da Infância e Juventude, Léia Martins Figueiredo, que falou da importância dos valores e sentimentos em relação ao próximo. Também compôs a mesa do painel o secretário de Ordem Pública e coordenador do Gabinete de Gestão Integrada de Macaé (GGIM), Edmilson Jório.
O coordenador de Políticas sobre Drogas encerrou o painel reforçando que é importante focar o trabalho nas pessoas e não em suas deficiências, a fim de avançar nos cuidados para a mudança com cada um cumprindo o seu papel de cidadão.
Programação realizada à tarde no Congresso sobre Drogas:
15h30 às 16h – Apresentação de Pôsteres / Performance Artística com a Cia de Gente
·16h às 16h40 – Palestra “As políticas de segurança pública para crack, álcool e outras drogas”, com Luiz Carlos Fiore, sociólogo, participante do Comitê de Articulação Local dos Territórios da Paz/RJ e do Grupo de Apoio à Gestão Nacional do Programa “Crack é possível vencer”.
·16h40 às 17h20 – Palestra “Drogas ilícitas: proibir ou legalizar? As experiências do Brasil e de Portugal”, com Denis Petuco, cientista social, mestre em educação, doutorando em Ciências Sociais, Redutor de Danos, Educador Popular, consultor autônomo sobre drogas, educação e saúde.