Uma verdadeira viagem no tempo através das artes. É assim o II Salão de Artes de escolas da rede municipal de Búzios que acontece no CEMEI, na Rasa, até a próxima quinta feira, 1 de novembro, aberto para visitação das 9 às 17 horas.
Sob o tema “Das Paredes das Cavernas a Contemporaneidade”, a mostra reúne trabalhos de alunos de todas as escolas, inclusive de uma turma da EJA - Educação de Jovens e Adultos, que estuda à noite. Os alunos se revelaram executando peças originais ou fazendo a releitura de obras de artistas como Da Vinci, Van Gogh, Tarsila do Amaral, Romero Britto e Ivan Cruz, entre outros, usando para isso todo o tipo de materiais, a começar pelo carvão e a madeira, passando pela argila, gesso, papel laminado e machê, cobre ou metal, indo até artigos eletrônicos e digitais. A maioria dos trabalhos foi feita com objetos reciclados, o que torna a mostra ainda mais interessante, pela criatividade dos trabalhos.
Aberta na segunda feira, 28, a exposição, é promovida pela secretaria de Educação e Ciência através dos professores do CEPEDE, sob a coordenação de Ana Luiza Moreira, professora formadora de Arte e Cultura do município.
O projeto de tornar a arte feita pelos alunos em sala de aula em algo mais visível para a comunidade surgiu, segundo Ana Luiza, a partir de uma Matriz Curricular de Arte e Cultura realizada em 2010. Em 2011 a ideia resultou no I Salão de Artes que obteve grande aceitação do público, e veio sendo aperfeiçoado através da Formação Continuada de Arte e Cultura no Cepede durante o ano letivo, se transformando agora nesse segundo salão.
- Todos que vem ver a exposição saem daqui encantados, e tanto os alunos, como os professores se sentem valorizados – comentou a diretora do Cepede, Paula Regina Carvalho, destacando satisfeita a forma como tudo ali foi montado pelos próprios professores com o maior carinho.
A exposição começa por uma espécie de túnel imitando uma caverna, onde o público se depara com desenhos típicos da época pré-histórica, em que os homens se comunicavam por figuras de animais retratando a caça. Em seguida vêm à arte egípcia com seus hieróglifos, pinturas, pirâmides e sarcófagos; passando pela cultura grega com seus vasos, deuses e máscaras; pelas artes romana, bizantina e gótica com suas exóticas catedrais, apresentadas, inclusive, em maquete; dá uma volta pelo período Renascentista, onde os alunos fizeram várias releituras da inesquecível Monalisa de Leonardo da Vince; isto sem falar na beleza das cerâmicas e desenhos das artes Indígena e Africana, que dão um colorido especial à mostra.
O velho e o novo se misturam de uma forma original e lúdica. Os sarcófagos são feitos de caixa de sapatos; mini carrancas de papel higiênico; esculturas de pajés de garrafas pet; sandálias de dedo velhas decoradas viraram um curioso caracol de cores; cascas de coqueiros se transformaram em lindos papiros; e entre as muitas peças de barro, não faltam réplicas da Vênus de Willendorf e a de Adão, o primeiro homem criado por Deus, no qual os alunos não esqueceram sequer a folhinha de parreira cobrindo-lhe a nudez. Além disso, há um painel especial feito por professores em uma das oficinas da Formação Continuada do Cepede, ministrada pela professora Raquel Condé, retratando a obra de Romero Britto. Outro destaque da exposição é um cantinho com réplicas de obras do artista regional Ivan Cruz, reproduzindo brincadeiras de crianças. Na parte mais moderna da exposição, se encontra um painel de fotos de alunos trabalhadas nos programas showbiz e photoshop, com um vídeo acoplado, em que o público se diverte vendo como suas carinhas foram transformadas.
Um forte apelo ambiental é mostrado através de trabalhos ecológicos por alunos do Ensino Médio, que destacam em variadas formas de expressão, a questão do “Lixo Extraordinário”, que gira em torno do projeto social realizado pelo artista plástico paulistano Vik Muniz.
Uma das turmas faz, inclusive, um interessante jogo interativo, no qual as crianças passam por um labirinto de lixo, sendo instruídas a recolher o que consideram reciclável, colocando em caixas separadas, e ganhando brindes ao final da caminhada em favor da natureza. As alunas Raquel Almeida, Natalia Dutra, Paloma Olmedo e Tais Santiago revelaram a sua satisfação em ver as crianças, a partir de sete anos, interagindo com a exposição, e confessaram que elas próprias aprenderam bastante sobre reciclagem com o projeto de sua turma.
Já a professora Gláucia Romero, se mostrava encantada com o fato de um aluno dela, de apenas cinco anos, ter feito uma releitura perfeita “só de olhar” da figura do Abaporu (quadro pintado em óleo sobre tela em 1928 por Tarsila do Amaral), destacando que o Salão de Artes “desperta muito a curiosidade e a criatividade das crianças”.
Emocionada com o resultado que a mostra está tendo junto ao público, a coordenadora do projeto, Ana Luiza Moreira, comentou ser este II Salão de Artes uma oportunidade real dos alunos expressarem seus sentimentos em forma de arte.
- É muito bom vê-los apreciando o que produziram nas aulas e perceber que desenvolveram aptidões e talentos que muitos nem sabiam que tinham... O aluno se sente valorizado e o professor também. A arte é uma cura para a alma, tanto para quem faz como para quem vê. Agradeço em primeiro lugar a Deus, depois a secretaria de Educação Carolina Rodrigues, a coordenadora do Cepede Assunção Macedo e a diretora Paula Regina, bem como a toda equipe por abraçarem a ideia do projeto. Porque sem todo esse pessoal nada disso teria se tornado possível. É um sonho que vira realidade mais uma vez - concluiu.
A mostra fica em exposição até a tarde desta quinta feira. Depois as peças retornam para as suas escolas de origem.
Fotos Ronald Pantoja.