No mundo todo, a incidência da doença aumenta progressivamente depois dos 40 anos
O câncer representa um grande desafio em termos de saúde pública. Doença multifatorial, sua incidência está relacionada não somente aos fatores de risco, mas à qualidade dos serviços de saúde, às campanhas de prevenção, e, principalmente, ao envelhecimento da população. Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) revelam que, no Brasil, este ano deve contabilizar quase 600 mil novos casos da doença. Metade deles, em mulheres. Uma em cada cinco pacientes com câncer terá de lidar com o diagnóstico de câncer de mama – que, depois do câncer de pele não-melanoma, é o mais comum, seguido de cólon e reto, colo do útero, pulmão e estômago.
Depois dos 40 anos de idade, a doença aumenta progressivamente entre as mulheres. Estudos norte-americanos indicam que a incidência mundial do câncer vem aumentando e que 12,4% das mulheres terão câncer de mama em alguma fase da vida. Embora 87,6% não tenham de lidar com a doença, a realização anual da mamografia continua sendo o método mais importante de prevenção em pacientes com mais de 40 anos. Nos Estados Unidos, o câncer de mama atinge uma em cada 28 mulheres depois dos 60 anos, uma em cada 42 mulheres depois dos 50 anos e uma em cada 68 mulheres na faixa dos 40 anos. Antes disso a doença é considerada rara, atingindo uma em cada 227 mulheres.
Na opinião de Vivian Schivartche, médica radiologista do CDB Medicina Diagnóstica, esse tipo de estatística é interessante para uma avaliação geral da população feminina em relação à doença. Mas, para cada mulher, o risco pode ser maior ou menor, dependendo de inúmeros fatores – tanto os conhecidos como os ainda não completamente compreendidos. “Como a incidência do câncer de mama está intrinsecamente relacionada ao envelhecimento, o fator idade é o principal para determinar os riscos da doença. Sendo assim, enquanto mulheres jovens não devem se preocupar muito com isso, a menos que suas mães e irmãs tenham enfrentado o problema, depois dos 40 anos a preocupação deve ser relevante o suficiente para que se faça o exame mamográfico anualmente”.
A especialista afirma que a mamografia costuma apresentar sensibilidade em torno de 80%. Mas a introdução da tomossíntese mamária refinou o diagnóstico. “A tomossíntese, também chamada de mamografia 3D, costuma aumentar sensivelmente a detecção do câncer de mama, já que permite enxergar o tumor numa fase muito precoce e em mamas densas e heterogêneas. Porém, em pacientes de alto risco ou quando persistirem dúvidas, outros exames devem ser realizados de forma complementar, como a ultrassonografia e a ressonância magnética”.
A médica explica que, na imagem mamográfica, o tecido denso aparece em branco, enquanto a gordura é caracterizada pelas áreas escuras. Como os tumores também aparecem em branco nessas imagens, é mais difícil diferenciar o que é tecido altamente denso de um tumor. “Muitas vezes, a mulher é chamada novamente para que façam novas imagens e esclareçam essas dúvidas. Os avanços da mamografia nos últimos anos, quando passou de um simples exame em filme para um exame digital e depois para a tomossíntese, caminham na direção de aumentar a detecção de tumores cada vez menores e reduzir a necessidade de imagens extras”.
Agora, também é possível utilizar as imagens da tomossíntese para produzir imagens mamográficas em duas dimensões, sintetizadas. Uma das vantagens é a possibilidade de melhorar o diagnóstico da doença – especialmente em pacientes jovens e com mamas densas. De acordo com Vivian Schivartche, a superioridade nas imagens mamográficas quando se faz o uso do software é notável. A médica diz que esse método diagnóstico permite a visualização de tumores menores, mais agressivos e provavelmente mais precocemente, quando comparada à mamografia convencional.
“Quando a mamografia convencional (2D) é realizada isoladamente, a sobreposição de estruturas da mama pode simular lesões suspeitas, obrigando a paciente a fazer mais radiografias para esclarecimento, ou até mesmo uma biópsia. A tomossíntese elimina a sobreposição dos tecidos. Com isso, temos melhor definição das bordas das lesões, melhor detecção de lesões sutis e melhor localização da lesão na mama. Com o uso do software, a exposição à radiação – que é um fator a ser considerado – cai pela metade. Sendo assim, é muito vantajoso para a paciente com suspeita de câncer de mama”, diz a médica.