quarta-feira, 26 de outubro de 2016

( Macaé) É POSSÍVEL - uma analise politica sobre situação e oposição


Tunan Teixeira

Não é de hoje que a oposição feita pelo vereador Marcel Silvano (PT) na Câmara Municipal de Macaé vem chamando atenção na cidade. Não à toa, o jovem vereador teve seu mandato renovado pelos próximos 4 anos, nas última eleições municipais.

Um dos poucos políticos do município a aguentar o tranco da perseguição que seu partido vem sofrendo em todo país, Marcel se manteve firme, diferente de seus ex-colegas de partido, Danilo Funke (REDE), Igor Sardinha (PRB), Maxwell Vaz (SD), Guto Garcia (PMDB) e Luciano Diniz (PMDB), que abandonaram o barco.

Aguentou e aguentou firme, defendendo os ideiais democráticos do partido, a presidente eleita, Dilma Rousseff (PT), e denunciando o golpe jurídico-parlamentar orquestrado pelo deputado preso, Eduardo Cunha (PMDB), e que culminou com o impeachment que levou Michel Temer (PMDB) à Presidência da República.

Mesmo na oposição ao governo do PMDB em Macaé, Marcel sempre defendeu uma postura independente do partido na Câmara, e agiu assim em todas as votações em que participou. Votou contra e a favor das propostas do governo, conforme entendia que elas eram boas ou ruins para a cidade.

Apesar da rixa com alguns antigos vereadores, como Paulo Antunes (PMDB) e Julinho do Aeroporto (PMDB), Marcel foi ganhando o respeito dos parlamentares, principalmente do Presidente da Câmara, Dr. Eduardo Cardoso (PPS), sendo, inclusive, algumas vezes, até elogiado por seus rivais do PMDB.

Tudo porque, diferente dos demais vereadores de oposição, que parecem defender apenas seu lado, o vereador do PT deixa longe as disputas pessoas e até partidárias quando o assunto é a cidade. Podia votar cegamente contra tudo que vem do PMDB, mas não o faz. Como não fez na votação da LDO-2017. E como não fez na votação do pacote econômico da prefeitura, que conferia benefícios fiscais às prestadores de serviço do setor do petróleo, onde, num momento de sono da bancada do governo, ele impediu que a votação da proposta fosse atrasada.

Com as saídas de Igor, Amaro Luiz (PSB) e Chico Machado (PDT), tudo indica que deve assumir o papel de líder da oposição na Câmara pelos próximos 4 anos. E tomara, pelo bem do governo e da cidade, que seja assim. Porque Marcel vem demonstrando que é possível fazer uma oposição responsável politicamente, sem precisar de boatos e factóides para criticar o que não concorda. É a diferença entre não concordar com o governo e não concordar com o prefeito. Oposição não é pessoal. Ou pelo menos, não deveria ser.

Na sessão em que foi votada e aprovada a LDO-2017, na semana passada, Marcel novamente deu uma aula aos seus colegas de bancada, de como se fazer oposição com responsabilidade. Tendo recebido uma enxurrada de questionamentos sobre a possibilidade de demissões em massa de servidores públicos municipais, graças a um discurso eleitoreiro do seu colega de oposição Maxwell, às vésperas das eleições, Marcel foi às redes sociais desmentir os boatos e apaziguar os ânimos dos servidores. Na sessão, não deixou de criticar o governo pela falta de uma postura mais aberta e por uma construção de políticas públicas “vertical”, como ele chamou, sem transformar o discurso numa acusação pessoal. Criticou o governo, como a oposição deveria fazer. Mas deixou o pessoal de fora mais uma vez.

Como conseqüência, foi elogiado por Paulo Antunes, por fazer uma “oposição lúcida” e “construtiva”, uma oposição que “ajuda o governo a fazer melhor” e a “errar menos”. Algo que deveria ser aprendido por todos os nossos políticos, pelos bem das nossas cidades, estados e do país.
Se não se perder em questões particulares e mesquinhas, como parece ter acontecido com seus colegas de bancada, Marcel tem tudo para pavimentar uma grande mudança na política macaense, que é a da oposição que debate política e não simplesmente critica. Talvez eu esteja sendo utópico, mas pode significar ainda uma oposição disposta a dialogar com o governo na tentativa de construir uma cidade melhor, como a política deveria ser. Mas, seguramente, deixando uma lição: oposição responsável é possível.

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