segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Jornais de Búzios: Primeira Hora

Leia na Íntegra: Primeira Hora

Jornal Primeira Hora 

Editorial:

Mal começou o governo do médico André Granado, a Cidade já assiste com perplexidade a velhas práticas em curso na administração Pública, e se pergunta: como pode o recolhimento do lixo, matéria tão atacada pela coligação Reage Búzios, que alegava ineficiência nos serviços e alto custo unitário para os Buzianos (o lixo mais caro do Brasil, como gostavam de repetir os cardeais da campanha de André), ficar a cargo da mesma empresa, a Selix Ambiental, acordo discutido num encontro ocorrido na casa de um empresário, do qual participaram representantes da empresa, o atual prefeito, e um membro do Judiciário? Se o serviço de lixo no governo de Mirinho Braga era tão ruim, e caro, por que continuou (e continuará) neste governo?

A mesma incongruência entre discurso e prática também ficou patente em relação ao serviço de varrição e capina das ruas, antes, uma atribuição da empresa Mega Engenharia, cujo contrato expiraria apenas em fevereiro, mas que, sabe-se lá o porquê, foi cancelado pelo município indo para o lugar uma empresa com sede em outro Estado e que teria como sócio (oculto) o empresário João Carrilho. Tudo sem que houvesse licitação, ou sequer publicação de qualquer ato do Poder Executivo, que não deu, nem dá publicidade alguma a suas ações, e quando o faz usa, ao invés do B.O., órgão oficial do município, um jornal que circula em outra jurisdição, em outra cidade. Seria este cenário descrito acima, um mero acertar de contas? O contrato para uma empresa sob a sombra de Carrilho seria o ‘pagamento’ de um acordo costurado no calor da campanha? Ao que tudo indica, sim.
 Que mudança é essa?

 Que governo é esse, no qual o prefeito recebe pelas portas dos fundos diariamente a visita do ex-secretário de governo Toninho Branco, Henrique DJ e o sempre presente Júnior dos Remédios, que, sabemos, estão determinando a forma, o conteúdo, e a direção das ações de um prefeito cujas reações vão se assemelhando a de um fantoche, coordenadas pelas mãos dos que realmente controlam a máquina pública? Onde está o obsequioso (e tão sensível) Ministério Público, que parece não enxergar nada disso? Onde está a Justiça, que não vê que um elemento, no curso do cumprimento de sua pena, condenado a não exercer atividade pública, frequenta diariamente a prefeitura e de lá determina os rumos da Cidade? Será que, a exemplo do que aconteceu com o ex-secretário de Planejamento, Ruy Borba, nossa Justiça irá expedir um mandado de prisão contra Henrique DJ? Duvido.
Em Búzios, mais uma vez tudo se repete, e nesta repetição parece que está novamente se delineando uma relação incestuosa entre os Poderes, em parte por culpa e omissão de um prefeito inexperiente, que vem se revelando cada vez mais a semelhança de seu antecessor: fraco, e sem pulso. Por outra parte, pela atuação de um representante do Judiciário, que a título de conhecer melhor alguns atores da península, tem sido testemunha de encontros havidos entre empresários e o prefeito da Cidade, e que, talvez, na busca de aplausos e reconhecimento, parece se orgulhar de ser apontado nas ruas como sendo o novo ‘xerife’ de Búzios. Não precisamos de xerifes de toga. Precisamos de Justiça competente, imparcial, e impessoal, que seja exercida por agentes públicos avessos a holofotes, que se portem com prudência e comedimento dentro, e fora do Fórum, coisa que nunca tivemos, e que ainda não temos.
Para as senhoras do chá, tudo parece estar na mais perfeita ordem, pois as atendentes da prefeitura agora recebem o cidadão que chega aos balcões públicos, com voz de veludo e postura aparentemente mais respeitosa. Os meios fios em breve estarão caiados, as placas indicativas devidamente fixadas nos postes, um ou outro canteiro de plantas refeito, e as calçadas limpas, e só. Essas senhoras acham que as coisas mudaram, pois suas visões só alcançam a superfície, a forma. Quanto ao conteúdo, este dá muito trabalho pesquisar e conhecer, além do que o governo está se esmerando em ocultar, e dá mostras de não ter o menor interesse em jogar um feixe de luz sobre os absurdos e ilegalidades que vem cometendo na esfera administrativa, acreditando, talvez, que continuará a contar com o silêncio e beneplácito do Ministério Público e da tão decantada renovada e remoçada Justiça local. Ilusão.
Ao morador desavisado, às senhorinhas, mamães e vovós dos salões de chá, e suas amigas, tudo mudou, tudo está ótimo. Pura miragem. O cenário, se não é pior do que o de governos passados, é igual. Mudou o rosto, a cor dos olhos. Desenha-se outra maquiagem para as ruas da Cidade, mas governar não se resume a embelezar, ou organizar um ambiente público caótico, no qual ruas e praias estariam por ser liberadas de gritantes irregularidades assistidas no passado. Governar é jogar limpo com o povo, e isso não está sendo feito.
No fundo, as práticas destes primeiros atos do governo de André Granado são as mesmas, se não piores, das de seus antecessores. MP e Judiciário assistem a tudo, até agora, calados. Os aplausos dirigidos às autoridades na cerimônia de posse, ao que parece até aqui, foram em vão.

Eduardo Borgerth Teixeira – Jornalista









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