O Festival da ABP
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Por Lula Vieira
Foi magnífico em todos os sentidos o Festival Brasileiro de Publicidade em Búzios. Foi tão bom que choveu e fez frio, o que obrigou às quase 600 pessoas presentes a se dedicarem sem culpas ou hesitações ao que deveriam ter ido fazer em Búzios: sexo. Ops! Não! Discutir propaganda. Assim, sem a concorrência da praia e da piscina, foi possível participar das palestras, dos fóruns, dos júris e das premiações. Sem contar que com friozinho e tempo fechado é mais fácil se dedicar com entusiasmo à gastronomia.
Dito isso e assinado devidamente embaixo, posso me dedicar a contar para você a viagem de ida nos ônibus que saíram do Aeroporto Santos Dumont no Rio, devidamente fretados pela direção da ABP que, por motivos que você verá, não é responsável por nada que aconteceu a seguir. Haviam dois ônibus. Um com saída marcada para as 5 da tarde e outro para as 6, para recolher quem chegava ao Rio de avião e aqueles que, pelos mais diversos motivos, acharam que não valia a pena enfrentar a estrada para Búzios dirigindo. Como todo mundo sabe, Rio/Búzios é uma viagem de 3 horas num buzão, com direito a parada para ir ao banheiro.
Às quatro da tarde, antes da partida dos ônibus, uma carreta fez o favor de tombar na estrada, interrompendo o trânsito. Nas duas horas seguintes um ônibus do BRT cumpriu sua rotina e atropelou um motociclista. Na avenida Brasil outro ônibus, provavelmente com inveja de seu colega articulado, destruiu alguns carros que ousaram transitar á sua frente. Na ponte Rio Niterói não aconteceu nada. Nada mesmo. Tudo parado, como sempre.
Conclusão: o Rio de Janeiro, que anda tentando copiar São Paulo em tudo, ficou uma merda. Falo do trânsito, sem julgamentos quanto a outras características tanto paulistanas como cariocas. O ônibus das cinco e o meu das seis saíram lá pelas sete, sete e meia, pois não dava para precisar a hora exata, uma vez que sair significa andar, locomover. E isso não aconteceu. Só na frente do aeroporto perdemos uns quinze minutos congestionados. Um ônibus atrás do outro, vagarosos como tílburis do império.
Com a estrada interditada, os dois motoristas resolveram usar uma via alternativa. E bota alternativa nisso. Enveredamos por quebradas utilizadas por tropas de burros e praticantes de enduro. Em meio à mais absoluta escuridão, passamos por sítios e choupanas que tirando a antena da Sky não tinham nada mais de civilizado.
Finalmente paramos numa birosca na progressista região de Bacaxá. Meio fora de rota. Um estradinha que tem de um lado a Ponta do Veado, da outra a Ponta do Sururu passando depois pelo Saco do Cherne. Eu disse birosca? Desculpe. Era um restaurante que servia um rodízio de pizza a três real o pedaço. Os dois ônibus despejaram a fina flor da publicidade brasileira e ainda o Rafael Sampaio que disputaram a cotoveladas os pedaços de pizza que eram armazenados numa vitrine. Tinha de carne seca, camarão, muçarela, calabreza e mixta (claro que com xis), servidas com o tradicional acompanhamento das pizzas verdadeiras: catchup, mostarda ou maionese. Tinha também molho à campanha e pimenta vermelha. Como se vê, quase uma cantina do Trastevere. O Zé Guilherme Verezza, mostrando que é macho, pediu logo uma de camarão. Mas, mostrando também que não é doido, retirou cuidadosamente os camarões criando um novo sabor: a pizza de camarão sem camarão. Rafael Sampaio, diante da falta do Mouton Rotchild que compõe sua trivialidade à mesa, foi de sacolé de uva, quase a mesma coisa. Eu ataquei uma calabreza que de tal forma revoltou minhas vísceras que fui punido por uma imediata pulorose. Ao dicionário! Ou, como no meu caso, ao banheiro!
Depois conto o resto. E tem muito resto!
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