Mesmo sem experiência, a vendedora Jessica Guilard Ferreira conseguiu a vaga temporária num shopping de Goiânia e a loja de brinquedos não quer perder a nova funcionária. Tanto que aumentou o salário dela em 20%. De olho na qualificação, a jovem já sabe onde vai investir o dinheiro extra: "vai dar para juntar para o ano que vem eu começar a minha faculdade".
Está mesmo difícil contratar para o fim de ano. Só em Goiás, o Sindicato dos Trabalhadores do Comércio estima que 40% das vagas não sejam preenchidas, ou seja, mais de 6,4 mil postos de trabalho. Cenário que se repete em outros estados.
Percorrendo os bairros com um carro de som que os comerciantes de Jundiaí, a 40 quilômetros de São Paulo, tentam encontrar gente para trabalhar no fim do ano.
Todos os dias, barracas são montadas em pontos estratégicos da cidade. Toda a mobilização tem um motivo: o comercio abriu, em Jundiaí, cinco mil vagas para funcionários temporários. O número é quase 70% maior que o do mesmo período do ano passado, quando foram oferecidas três mil oportunidades de emprego.
Para driblar a dificuldade de encontrar mão de obra, é oferecido um curso rápido e de graça aos candidatos inexperientes. "A empresa quer um profissional que tenha competências técnicas, mas que tenha também sensibilidade pra ter o comportamento emocional, saber como interagir com as pessoas”, fala o consultor de empresas, Marcelo Narciso.
No estado do Rio de Janeiro, as vagas temporárias são para hotéis e restaurantes. Em Búzios, na Região dos Lagos, já são mais de 200 vagas disponíveis para recepcionista e garçom. Esse número deve aumentar até o verão.
A própria Associação dos Hotéis criou uma página na internet para receber currículos. Mas não está fácil encontrar mão de obra qualificada na quarta cidade que mais recebe turistas estrangeiros no Brasil, segundo a Embratur. O candidato ao emprego precisa falar pelo menos mais dois idiomas.
"No mínimo, espanhol tem que ter e, principalmente na época de réveillon, carnaval, vem muitos estrangeiros, Estados Unidos, euro, e aí o inglês é super necessário”, explica o presidente da Associação de Hotéis de Búzios, Thomas Weber.
Não são só os hotéis e restaurantes que estão tendo dificuldade para contratar mão-de-obra especializada, as lojas do comércio. Em Búzios estão usando as vitrines não só para atrair clientes, mas também funcionários.
Fluente em inglês e arranhando o espanhol, a vendedora Victória Lopes foi contratada só há três meses. "Clientes da loja que já quiseram me contratar porque eu falava inglês. Me viram falando inglês com outro cliente e falaram assim: "ah, você não quer trabalhar pra mim? Eu tenho uma pousada, sei lá onde, mas eu estou bem aqui", conta.
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