por Guilherme Barcellos
O último senso nacional mostrou
uma fotografia do país que de certa forma nos surpreendeu. A religião católica
ainda permanece no topo como era esperado, embora tenha tido uma pequena queda,
os protestantes tiveram uma ligeira alta, pode ser por conseqüência da queda de
católicos.
Em algumas regiões este espelho mostra certos fatores surpreendentes: a região
sul tem um índice de 5, 39% de pessoas que praticam religiões afro-brasileiras,
fator bem representativo, se formos considerar este índice numa visão histórica
étnica daquela região.
Surge ai algumas interrogações, algo que com certeza serviria como instrumento
de outra pesquisa com um recorte direcionado para aquela parte do país.
Uma área que teve como colonizador o povo europeu, com uma população de maioria
branca, agora esta em crescimento o culto as religiões afro-brasileiras.
Este quadro apresentado deve estar ‘esquentando’ a cabeça de muita gente,
embora muitos ‘preferem’ achar isto uma situação sem grande relevância.
Aquela região, num conceito histórico sempre esteve um pouco ‘distante’ de
questões raciais, em parte pela minoria negra de seus habitantes e em alguns
casos falta de compromisso com políticas de ações afirmativas. Agora surge com
um considerável índice de praticantes de Candomblé e Umbanda, realmente, chama
a atenção.
Neste víeis de católicos também estão um grande grupo que prefere não se
identificar como adeptos de cultos afros. Pessoas que sempre que têm
oportunidade, vão buscar as soluções de suas necessidades sejam elas
espirituais ou materiais num’ terreiro’, mas preferem se manter na ‘moita’, quando perguntados. É
mais cômodo se intitular católico.
Vejo esta situação altamente positiva, no que tange a tolerância religiosa.
Quando aumenta o número de adeptos de religiões por consequência cresce o
numero de pessoas que mostrarão para outros que se trata somente de uma opção,
pois todo brasileiro tem direito
constitucional, a ‘liberdade religiosa’, e que ninguém é pior ou melhor que
outro pela sua escolha, embora esta seja a forma que muitos usam para definir
as pessoas de ‘bem’ e as outras do ‘mal’, como se este ‘mal’ não fosse uma
questão individual, de caráter.
Sem utopia, mas, ainda acredito que esta ‘mudança de cara do Brasil’, vai com
certeza contribuir para que a ignorância não só religiosa, diminua.
Guilherme Barcelos é jornalista e trabalha no Jornal Primeira Hora
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