Jornal O Globo (RJ)
Barbosa vota pela condenação de 9 réus por lavagem de dinheiro
'Divisão de tarefas foi típica de crime organizado', disse
ele, que ainda citou encontros de Dirceu
BRASÍLIA - O relator do processo do mensalão, Joaquim
Barbosa, votou pela condenação de nove réus do núcleo financeiro e publicitário
por lavagem de dinheiro nesta segunda-feira. Ele retomou o julgamento com a
análise do item 4 da denúncia do Ministério Público, que enquadra dez réus.
Apenas Ayanna Tenório - absolvida pelos demais ministros quanto ao crime de
gestão fraudulenta - foi absolvida por Barbosa em relação ao crime de lavagem
de dinheiro. O relator pediu a condenação de Marcos Valério, Ramon Hollerbach,
Cristiano Paz, Rogério Tolentino, Simone Vasconcelos, Geiza Dias, José Roberto
Salgado, Vinícius Samarane e Kátia Rabello.
De acordo com o ministro, os integrantes do chamado núcleo
publicitário "dissimularam a natureza, origem, localização, movimentação e
disposição de valores milionários, bem como ocultaram os beneficiários dessas
quantias".
- A lavagem foi praticada pelos réus em uma atuação
orquestrada, com unidade de desígnios e divisão de tarefas típicas de crime
organizado - afirmou Barbosa, citando laudos periciais que comprovam que a
SMP&B emitiu 2.987 notas fiscais falsas. O relator também apontou
diferenças significativas nos documentos de contabilidade da DNA Propaganda:
- Manipularam, falsificaram e alteraram o registro de
documentos, de modo a alterar a movimentação de ativo e passivo. (...) e
aplicaram práticas contábeis indevidas.
Segundo Barbosa, os integrantes do chamado núcleo financeiro
do Banco Rural - em conluio com Marcos Valério, Ramon Hollerbach, Cristiano
Paz, Rogério Tolentino, Simone Vasconcelos e Geiza Arruda - se envolveram na
simulação de empréstimos bancários, formalmente contraídos pela instituição. Os
dirigentes do banco também teriam feito sucessivas renovações nos empréstimos,
com incorporação de encargos financeiros, além de classificarem de forma
incorreta o risco das transações e manutenção dos empréstimos mesmo sem as
garantias financeiras necessárias.
Segundo o relator, os empréstimos contraídos no BMG e no
Banco Rural não foram registrados na contabilidade original da SMP&B, mas
lançados somente depois da divulgação dos fatos pela imprensa
- Lançadas, não. Maquiadas - corrige o relator.
Encontros de Dirceu com Valério e Kátia são 'reveladores'
Joaquim Barbosa disse que Kátia Rabello, ex-presidente do
Banco Rural, sabia que a verba dos empréstimos beneficiaria as pessoas
indicadas por Delúbio Soares a Marcos Valério. Neste contexto, ele diz ser
"revelador" que José Dirceu tenha se reunido com Kátia e Valério.
- Parece bastante revelador o fato de Kátia Rabello ter
participado de pelo menos duas reuniões com o ex-ministro da Casa Civil: uma no
Palácio do Planalto e outra no restaurante Ouro Minas. Era o próprio Marcos
Valério que agendava essas reuniões. Não bastasse isso, ele chegou a participar
da reunião realizada entre Kátia e José Dirceu no Palácio do Planalto.
Barbosa confrontou o discurso dos réus com os fatos
relatados na denúncia:
- Embora Kátia Rabello e José Dirceu admitiram não ter
tratado do esquema, é imprescindível atentar para que não se trata de fato
isolado, de meras reuniões entre dirigentes do banco e ministro da Casa Civil,
mas de encontros ocorridos no mesmo contexto a que se dedicava a lavagem de
dinheiro o grupo criminoso apontado na denúncia, com utilização de mecanismos
fraudulentos para encobrir o caráter desses mútuos (empréstimos) fictícios.
Peritos alegam dificuldade na análise
Citando os laudos técnicos, Barbosa destacou a observação de
peritos, que chamaram a atenção para as dificuldades que tiveram ao analisar a
contabilidade do grupo e as várias alterações feitas nos documentos.
- Dessa forma, é dever dos peritos ressaltar às autoridades
que, considerando essas alterações contábeis, a simulação de contratos de
mútuos, as correspondências da SMP&B à prefeitura de Rio Acima, as análises
periciais futuras podem ser afetadas, de maneira que a realidade não apareça -
relatou o ministro.
Barbosa também citou um empréstimo de R$ 10 milhões, obtido
por Rogério Tolentino a pedido de Marcos Valério. Tolentino teria ssinado três
cheques, sem saber como esse dinheiro foi utilizado. Apenas dois cheques de
Marcos Valério foram depositados em nome da empresa Bônus Banval.
- Valério encampa esta versão, e disse ainda que "a
totalidade desse empréstimos teria sido repassada à 2S Participações e
SMP&B para fazer pagamentos de débitos de campanhas pelo senhor Delúbio
Soares" - disse Barbosa. A estratégia foi empregar R$ 10 milhões desviados
como garantia de um dos empréstimos fictícios, buscando "limpar" o
montante recebido:
- A reforçar o caráter simulado desse mútuo de R$ 10 milhões
junto ao banco BMG, há o fato de que a primeira renovação desse empréstimo
rolou o principal da dívida.
O relator reforçou a tese, demonstrando que o escritório não
se enquadrava nos critérios exigidos por lei - seja por ter no seu quadro
societário uma pessoa que não é advogada (Vera Maria Soares Toletino, mulher de
Rogério), seja por ter seu registro em comarca inadequada:
- Não havia portanto à época em que foi feito o empréstimo,
informação confiável sobre a robustez econômica da empresa.
Sobre esse mesmo empréstimo, de R$ 10 milhões, Barbosa disse
ainda que Valério mentiu em depoimento sobre a sua destinação. Ele não cita o
repasse à empresa Bônus Bonval.
- Marcos Valério mentiu em seu interrogatório ao afirmar que
este valor teria sido repassado em sua totalidade á 2S e à SMP&B, deixando
de citar a Bônus Banval - disse o relator, que depois afirmou que Valério muda
o discurso "conforme as circunstâncias".
Sacadores ocultos
Para Barbosa, a principal etapa da lavagem de dinheiro foi a
ocultação dos nomes dos favorecidos pelos saques já que o Banco Rural tinha
real conhecimento dos destinatários destes empréstimos, pois eram informados
por Marcos Valério depois de indicados por Delúbio Soares.
- Os saques eram efetuados por meio de cheque nominal da
própria SMP&B a título de pagar fornecedores. Ela apresentava documento
timbrado do Banco Rural denominado controle de transações em espécie, saída de
recursos, pagamento, informando quem era o titular da conta sacada e não
discriminava os fornecedores. Era a portadora dos recursos - explica Barbosa. -
Em que pese o fato das normas de lavagem de dinheiro, o Banco Rural acatava
instrução de pagamento por e-mail solicitando que o valor do cheque fosse pago
a determinada pessoa, ainda que recebesse o documento com informações
conflitantes em data anterior.
Levando em conta apenas o que foi descrito na denúncia,
foram identificadas e comprovadas 46 operações de lavagem de dinheiro através
desses recursos disponibilizados pelo Banco Rural:
- Há nos autos até mesmo e-mails enviados por Geiza Dias ao
Banco Rural informando quem era a pessoa que, na realidade, receberia o
dinheiro, embora o Banco Rural informasse ao BC e ao Coaf que a quantia seria
retirada pela própria SMP&B - complementa Barbosa.
Citando os testemunhos de Raimundo Cardoso e João Claudio
Genu, o relator descreve o comportamento de Simone Vasconcelos, então diretora
financeira da SMP&B, na hora da retirada do dinheiro. Simone sequer contava
o valor do montante retirado na agência do Banco Rural.
- A agência Assembleia encaminhava através de fax uma
espécie de autorização de pagamento, com o intuito de que a pessoa discriminada
recebesse o valor do cheque da SMP&B. E não se recorda de nenhum recebedor
dessas quantias elevadas ter contado o dinheiro naquele ato; que se recorda que
a senhora Simone esteve várias vezes na agência para receber os valores (...)
(João Claudio Genu), ao se encontrar com ela, entregava uma pasta. Ela não
conferiu o valor recebido.
Barbosa não aceita versão de funcionária 'mequetrefe'
Sobre a conduta de Simone Vasconcelos e Geiza Dias, que
sustentaram em suas defesas apenas cumprir ordens, Barbosa afirmou que tal
argumentação é irrelevante para determinação da culpa dos acusados. Geiza Dias,
chamada por seu advogado de funcionária 'mequetrefe', cometeu "uma série
de ações ilícitas com o objetivo de lavagem de dinheiro", segundo o
relator.
- Não há como prosperar a tese de Simone Vasconcelos e Geiza
Dias de que eram funcionárias e que cumpriam ordens. Ademais, não se trata de
uma ou outra conduta isolada, mas uma série de ações ilícitas com o objetivo de
lavagem de dinheiro. Elas apenas agiam por ordens dos sócios da SMP&B, mas
esse fato é irrelevante na coautoria dos delitos, cabendo a cada coautor
determinadas funções. É incabível a tese de Simone que, por ser mera empregada,
não podia desobedecer as ordens dos sócios sob pena de perder o seu emprego -
disse ele, que concluiu:
- Simone tinha plena consciência da ilicitude de sua
conduta. Erra no mínimo absurda a afirmação de alguém, por medo de perder
emprego, estaria livre para praticar crimes.
Dez acusados no banco dos réus
Na lista de acusados neste item do processo estão o
publicitário Marcos Valério, seus dois sócios na SMP&B, o advogado Rogério
Tolentino, a ex-diretora da agência de publicidade Simone Vasconcelos e a
secretária Geiza Dias, além de três ex-dirigentes e o atual vice-presidente do
Banco Rural.
Se os acusados forem condenados, os ministros abrem caminho
para fazer o mesmo em relação aos políticos que foram à boca do caixa do Rural
receber dinheiro do valerioduto.
Fonte: http://oglobo.globo.com/pais/barbosa-vota-pela-condenacao-de-9-reus-por-lavagem-de-dinheiro-6044382
Jornal do Brasil (RJ)
Brasil faz 8 na frágil China, empolga torcida e bate recorde
com Mano
A Seleção Brasileira soube se aproveitar da fragilidade da
China nesta segunda-feira. Em amistoso disputado no Estádio do Arruda, em
Recife, a equipe nacional goleou por 8 a 0 a seleção asiática, que é a 78ª
colocada no ranking da Fifa (Federação Internacional de Futebol). Se não serviu
como teste real,
a partida pelo menos empolgou os 29.653 pernambucanos presentes e quebrou um
recorde: foi a maior goleada da equipe sob o comando de Mano Menezes, marca que
antes era da vitória por 4 a 1 sobre os Estados Unidos. Disposta a afastar o
ambiente de críticas criado pela vitória magra contra a África do Sul, em São
Paulo, a Seleção Brasileira teve uma atitude que chamou atenção antes de a bola
rolar: os jogadores cantaram o hino nacional abraçados, possivelmente para
demonstrar união diante do momento de crise. Atitude esta que lembrou outro
momento da Seleção: em 1993, quando a equipe tinha dificuldades nas
Eliminatórias, enfrentou a Bolívia exatamente em Recife e entrou de mãos dadas.
Naquela oportunidade a vitória também foi de goleada, por 6 a 0, e marcou a
mudança de rumo no trabalho que culminou com o tetracampeonato.
O Brasil chegou à terceira vitória consecutiva, é verdade,
mas ainda pesam sobre o trabalho de Mano a decepção pela medalha de prata
olímpica, o fracasso na Copa América e as derrotas para os grandes do futebol
Argentina, França e Alemanha. Por isso, sem ter espaço para novos tropeços,
Mano tem mais três jogos com a Seleção principal. Um contra o Japão, na
Polônia, no dia 16 de agosto, e mais dois sem adversário definido. Antes,
apenas com jogadores locais, o Brasil enfrenta a Argentina pelo Superclássico
das Américas nos dia 19 de setembro, em Goiânia, e 3 de outubro, em
Resistencia.
Quando a bola rolou nesta segunda, logo o Brasil viu que
tinha um adversário frágil pela frente. Se Mano Menezes queria dar mais
movimentação ao time com a entrada de Hulk, então certamente ficou feliz com a
primeira chance criada pelo Brasil, já aos 6min. Afinal, Hulk saiu da área, fez
um bom passe para Oscar, que se infiltrou e conseguiu cruzar na cabeça de
Neymar. Mas o atacante do Santos não acertou a bola em cheio e jogou para fora.
E de fato o Brasil estava diferente em comparação com o
duelo contra a África do Sul: Hulk ficou mais pela direita, Lucas foi para a
esquerda, enquanto Neymar jogou na área durante a maior parte do tempo. Tudo
isso para fugir da retranca da China, que pouco jogou - a posse de bola chegou
a ser de 80% para o Brasil.
O Brasil até começou com dificuldades para entrar na área,
mas aos 22min a China não resistiu: Ramires tabelou com Lucas, disparou em
velocidade e tocou por cobertura para superar o goleiro. E não demorou para que
a vantagem brasileira
aumentasse: aos 25min, Oscar foi lançado na área e tocou para Neymar, que
estava sozinho e só empurrou a bola para o gol. Nas duas comemorações todos os
dez jogadores de linha se abraçaram, o que pode ser mais uma demonstração de
união, após duras críticas recebidas em São Paulo.
A festa poderia ter aumentado aos 32min, mas Oscar errou de
maneira inacreditável: após drible de Neymar na esquerda, o meia do Chelsea
recebeu a bola embaixo do gol, sem nenhuma marcação, mas conseguiu chutar a
bola no travessão. Neymar ainda fez outro belo lance aos 40min, quando driblou
o mesmo chinês duas vezes e chutou pro gol, mas a bola foi afastada quase em
cima da linha.
Aos 3min da segunda etapa o Brasil já continuou seu
massacre: Hulk entrou na diagonal pela direita e encontrou Lucas sozinho, que
só tocou na saída do goleiro. Apenas três minutos depois, Neymar chutou de
longe na travessão, mas o rebote ficou com Hulk, que teve mais sorte e acertou
seu chute rasteiro no fundo do gol.
Aos 8min, o Brasil chegou ao seu terceiro gol em apenas
cinco minutos: Marcelo avançou pela esquerda até a linha de fundo e tocou
rasteiro para Neymar, que estava sozinho na pequena área e fez mais um. O gol
seguinte foi praticamente um replay, mas do outro lado: Oscar foi quem tocou para
Neymar, que estava livre de novo e marcou mais uma vez. Não perca a contagem:
nesse momento o Brasil já vencia por 6 a 0.
Mas a China ainda conseguiu uma improvável chance de gol:
pouco exigido, o goleiro Diego Alves teve que se esticar para fazer difícil
defesa aos 35min, após cabeceio em cobrança de
escanteio. Mas tudo voltou ao normal na sequência: o chinês Jianye Lin tentou
cortar um passe na área e acabou marcando contra, deixando ainda mais fácil uma
vitória que era nada difícil para o Brasil.
Tanto que o placar ainda foi aumentado aos 28min, quando o
juiz viu pênalti em Marcelo. Oscar foi para a cobrança e fez o oitavo gol do
Brasil. Mano abusou das substituições na sequência e, com um time totalmente
modificado, a Seleção quis apenas administrar a
vitória até o final. Ainda houve um inesperado susto, com o chute cruzado de
Yuan aos 44min, mas o gol de honra da China não saiu.
Folha de São Paulo (SP)
Dilma manda sinal a petistas ao indicar novo ministro ao STF
Dona da toga A indicação de Teori Zavascki para o
Supremo Tribunal Federal causou perplexidade em correntes do PT que tentavam
emplacar candidatos à vaga. Ao antecipar a escolha e optar por mais um
magistrado de carreira, Dilma Rousseff deu, no entender de petistas, outro
sinal de que não agirá para ajudar os réus no processo. Nas sondagens a
Zavascki, emissários do Planalto disseram que, apesar de o regimento interno
permitir, não seria conveniente que ele votasse no caso.
Devagar Se Dilma enviar a mensagem à CCJ hoje, o
presidente da comissão, Eunício Oliveira (PMDB-CE), tentará fazer sua leitura
ainda nesta semana, mas a sabatina de Zavascki deve ocorrer apenas no próximo
esforço concentrado, previsto para o dia 28.
DNA 1 No STF, a decisão foi bem recebida, mas
surpreendeu ministros, já que Zavascki é próximo do ex-ministro Nelson Jobim
--que deixou o governo após críticas--e tem ligações com Gilmar Mendes, que
chegou ao Supremo no governo FHC.
DNA 2 No Twitter, o governador Tarso Genro reivindicou
a paternidade da indicação do novo titular do STF.
Resumo Diferentemente do relator, Joaquim Barbosa, que
passou toda a sessão de ontem lendo seu voto, o revisor Ricardo Lewandowski
deverá levar de duas horas e meia a três horas no item de lavagem de dinheiro
dos dirigentes do Banco Rural, que o STF analisa esta semana.
Seu bolso O governo vai lançar uma cartilha, editada
pelo Ministério de Minas e Energia, para explicar como será a redução na conta
de luz do consumidor, anunciada em pronunciamento no Sete de Setembro. Dilma
vai detalhar a medida hoje.
Aula prática Além da cartilha, o governo vai promover
um workshop para cerca de 500 representantes do setor elétrico na pasta
comandada por Edison Lobão.
Saúde... Gilberto Kassab comemora pesquisa encomendada
pela Associação Comercial que detectou altas taxas de aprovação aos serviços
municipais de saúde --setor apontado como mais deficiente pelos eleitores.
...é o que interessa Foram consultados usuários dos
ambulatórios de especialidade médicas e dos programas Remédio em Casa e Mãe
Paulistana, todos com índices de aceitação oscilando entre 72% e 100%. A
entidade de que custeou o estudo mantém estreita ligação com o PSD, nova sigla
do prefeito.
Oremos 1 No debate promovido pela Igreja Católica,
previsto para o dia 20, grupo de 300 padres poderá questionar cinco candidatos
à prefeitura. Um dos temas será a manutenção das parcerias de unidades de saúde
com Organizações Sociais, muitas vinculadas à Arquidiocese de São Paulo.
Oremos 2 Mesmo que fique configurada propaganda
eleitoral em templos religiosos, infratores estão sujeitos apenas a multas de
valores que oscilam entre R$ 2.000 a R$ 8.000. A punição judicial refere-se ao
uso irregular de prédio sob licença pública.
Cidade suja Depois de resistir ao uso de cavaletes por
considerar que sujam a cidade, a campanha de José Serra distribuiu 300 deles a
cada candidato a vereador. O PSDB mudou de ideia diante da proliferação de
cavaletes de Fernando Haddad (PT) e Celso Russomanno (PRB).
Veja bem O governo paulista diz que a liberação de 141
policiais para os Jogos Acadêmicos da PM, em Manaus, não interfere no
patrulhamento. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, o grupo está em
formação na Academia do Barro Branco.
Estadão (SP)
Receita libera consulta ao 4º lote de restituição do IR 2012
A Receita Federal libera nesta terça-feira, 11, a consulta
ao quarto lote de restituição referente ao Imposto de Renda deste ano. Além
disso, será liberada a consulta a lotes residuais dos anos de 2008, 2009, 2010
e 2011.
O depósito do dinheiro, tanto para o quarto lote de 2012
como para os residuais de 2008 a 2011, ocorrerá na próxima segunda, 17. Serão
creditados R$ 1,8 bilhão para 1,958 milhão de contribuintes. O exercício de
2012 corresponde à maior parte do dinheiro – R$ 1,7 bilhão.
Os contribuintes que não entraram nas relações de
restituição liberadas até o momento devem verificar no extrato da Declaração do
Imposto de Renda Pessoa Física 2012 se existem pendências ou outros motivos
para a retenção em malha fina. O documento está disponível no Centro Virtual de
Atendimento ao Contribuinte (e-Cac).
(Com informações da Agência Brasil)
Zero Hora (RS)
Piratini: Rebelião contra o Império
Visitar Piratini é como ingressar no vertiginoso túnel do
tempo da Guerra dos Farrapos, regressar ao início do século 19 sem escalas,
botar os pés nos mesmos lugares onde andaram Bento Gonçalves, Antônio de Souza
Netto e Giuseppe Garibaldi. Passados 176 anos da escolha para ser a capital da
República Rio-Grandense, a cidade guarda, com suas cicatrizes e seus encantos,
o cenário da rebelião contra o Império do Brasil. Pelo rumo que se tomar nas
ruas centenárias, depara-se com algum legado farroupilha. Pode-se começar pelos
três prédios tombados como patrimônio nacional. No sobrado que abrigou o
Palácio de Governo, caminha-se por escadas – a madeira a estalar antigos ruídos
– onde circulou o multiministro Domingos José de Almeida, o mentor
administrativo da república. Dentro do palacete, salas de teto alto são
arejadas pelos mornos ventos de setembro.
Não se deve ter pressa ao esquadrinhar Piratini. Uma estranha casa, com cinco portas e apenas uma janela, hospedou Garibaldi e Luigi Rossetti, que escaparam da Itália por serem carbonários (sociedade secreta revolucionária), os inimigos das tiranias. Na residência, de telhado ondulado, Rossetti editou o jornal O Povo, cujo exemplar custava 80 réis – menos da metade do preço de uma garrafa de cerveja.
A atmosfera revolucionária é realçada quando se chega ao sobrado onde operou o Ministério da Guerra. Assentado no topo da cidade, oferece vista para a Serra dos Tapes – chamada Asperezas pela vegetação espinhosa e pelos cerros que se erguem como sentinelas na vastidão do pampa. No interior do prédio, fica o Museu Histórico Farroupilha, que exibe relíquias da insurreição. Cavalos, espadas e modista francesa
Não foi por acaso que o governo de secessão se instalou em Piratini, como evidenciam as dezenas de locais que se pode conhecer atualmente.
Além da posição geográfica estratégica – perto do Uruguai e guarnecida por obstáculos naturais –, dispunha de casarões e sobrados para abrigar os ministérios. E oferecia um fator tão vital como a pólvora: o entusiasmo libertário de Manoel Lucas de Oliveira, Joaquim Pedro Soares, Joaquim Teixeira Nunes e outros.
— Piratini foi o centro político e revolucionário — define a diretora do Museu Histórico Farroupilha, Angélica Panatieri, 45 anos.
O povoado florescia às vésperas da sedição. Como o censo de 1814 apontou 3.673 moradores – dos quais 1.535 eram escravos negros e 182 indígenas –, é possível que contasse com cerca de 5 mil habitantes ao se tornar a capital do separatismo. Plantava-se algodão, cevada, linho e trigo. Produzia-se vinho, carne de gado e lã.
Havia até uma fábrica de cerveja, do açoriano Lucindo Manoel de Brum, que vendia a garrafa a 200 réis. Não se sabe até que ponto a conflagração afetou a produção da bebida. O prédio, com amplas portas e vitrais, continua elegante, mas hoje tem outra função.
Um serviço de correios a cavalo, lançado em 1832, fazia a rota Piratini a Pelotas, prometendo três entregas de cartas, malotes e baús por mês. Estafetas e chasques percorriam 118 quilômetros, por atalhos, para cumprir a missão.
É provável que tenham esfalfado as montarias às vésperas da revolução, para atender as trocas de mensagens entre os conspiradores da região.
Piratini não era reduto somente de botas embarradas, cavalos suados e soldados afiando o gume das espadas. A diretora do Museu Municipal Histórico Barbosa Lessa, Daniele Amaral, 27 anos, destaca o aspecto refinado. Damas frequentavam o Teatro Sete de Abril e se vestiam pelas tendências europeias. Não sujavam os sapatos no barro, caminhavam em calçadas de pedra, assentadas pelo suor dos escravos.
— Havia uma modista francesa na cidade — conta Daniele.
A cada setembro, aumenta o turismo a Piratini. Uma das principais atrações é a encenação temática, com 12 atos e 25 intérpretes. Os moradores se transformam em Bento, Garibaldi, Anita, Canabarro, Souza Netto. Um dos atores, o policial civil Luciano Dutra Almeida, 35 anos, acha fácil representar.
— Vivemos dentro do próprio cenário. Bebemos na fonte. Se abro a janela, vejo a casa do Garibaldi — conta ele, que gosta de encarnar Domingos de Almeida.
Não se deve ter pressa ao esquadrinhar Piratini. Uma estranha casa, com cinco portas e apenas uma janela, hospedou Garibaldi e Luigi Rossetti, que escaparam da Itália por serem carbonários (sociedade secreta revolucionária), os inimigos das tiranias. Na residência, de telhado ondulado, Rossetti editou o jornal O Povo, cujo exemplar custava 80 réis – menos da metade do preço de uma garrafa de cerveja.
A atmosfera revolucionária é realçada quando se chega ao sobrado onde operou o Ministério da Guerra. Assentado no topo da cidade, oferece vista para a Serra dos Tapes – chamada Asperezas pela vegetação espinhosa e pelos cerros que se erguem como sentinelas na vastidão do pampa. No interior do prédio, fica o Museu Histórico Farroupilha, que exibe relíquias da insurreição. Cavalos, espadas e modista francesa
Não foi por acaso que o governo de secessão se instalou em Piratini, como evidenciam as dezenas de locais que se pode conhecer atualmente.
Além da posição geográfica estratégica – perto do Uruguai e guarnecida por obstáculos naturais –, dispunha de casarões e sobrados para abrigar os ministérios. E oferecia um fator tão vital como a pólvora: o entusiasmo libertário de Manoel Lucas de Oliveira, Joaquim Pedro Soares, Joaquim Teixeira Nunes e outros.
— Piratini foi o centro político e revolucionário — define a diretora do Museu Histórico Farroupilha, Angélica Panatieri, 45 anos.
O povoado florescia às vésperas da sedição. Como o censo de 1814 apontou 3.673 moradores – dos quais 1.535 eram escravos negros e 182 indígenas –, é possível que contasse com cerca de 5 mil habitantes ao se tornar a capital do separatismo. Plantava-se algodão, cevada, linho e trigo. Produzia-se vinho, carne de gado e lã.
Havia até uma fábrica de cerveja, do açoriano Lucindo Manoel de Brum, que vendia a garrafa a 200 réis. Não se sabe até que ponto a conflagração afetou a produção da bebida. O prédio, com amplas portas e vitrais, continua elegante, mas hoje tem outra função.
Um serviço de correios a cavalo, lançado em 1832, fazia a rota Piratini a Pelotas, prometendo três entregas de cartas, malotes e baús por mês. Estafetas e chasques percorriam 118 quilômetros, por atalhos, para cumprir a missão.
É provável que tenham esfalfado as montarias às vésperas da revolução, para atender as trocas de mensagens entre os conspiradores da região.
Piratini não era reduto somente de botas embarradas, cavalos suados e soldados afiando o gume das espadas. A diretora do Museu Municipal Histórico Barbosa Lessa, Daniele Amaral, 27 anos, destaca o aspecto refinado. Damas frequentavam o Teatro Sete de Abril e se vestiam pelas tendências europeias. Não sujavam os sapatos no barro, caminhavam em calçadas de pedra, assentadas pelo suor dos escravos.
— Havia uma modista francesa na cidade — conta Daniele.
A cada setembro, aumenta o turismo a Piratini. Uma das principais atrações é a encenação temática, com 12 atos e 25 intérpretes. Os moradores se transformam em Bento, Garibaldi, Anita, Canabarro, Souza Netto. Um dos atores, o policial civil Luciano Dutra Almeida, 35 anos, acha fácil representar.
— Vivemos dentro do próprio cenário. Bebemos na fonte. Se abro a janela, vejo a casa do Garibaldi — conta ele, que gosta de encarnar Domingos de Almeida.
Correio Braziliense (DF)
Distrital altera verba de melhorias em Águas Claras para
impressão de gibis
Distrital altera destinação de emenda que visava promover
melhorias em Águas Claras e beneficia empresa de amigo do administrador da
cidade e "homem de confiança" do deputado. Sem licitação, a firma
produziu gibis e desenhos animados no valor de R$ 1 milhão
Criada para absorver parte do crescimento desenfreado do
Distrito Federal, Águas Claras é uma cidade ainda em formação, com necessidades
de infraestrutura, como calçamento, iluminação pública, engenharia de trânsito.
A região chamada de Águas Claras vertical, por exemplo, ainda não tem
delegacia, posto de saúde, nem escola pública. Com base nesse histórico de
carências, o distrital Olair Francisco (PTdoB) destinou em 2011 um total de R$
3 milhões em emendas para obras de urbanização do bairro que se tornou seu
reduto político e eleitoral. Até aí, parece fazer sentido. Começa a ficar
suspeito quando, neste ano, o deputado autoriza a realocação de R$ 1 milhão
dessa verba para financiar projeto cuja empresa contratada sem licitação tem
como vice-presidente um amigo de longa data do atual administrador da cidade,
Manoel Carneiro, homem da confiança de Olair. Documentos como o contrato, as
notas de empenho e os quadros de detalhamento de despesas demonstram a mudança
de destinação de R$ 1 milhão anteriormente alocados a obras de infraestrutura
para um projeto de “realização de evento e apoio à campanha educacional” na
cidade. A verba praticamente milionária (R$ 992.500) foi usada para contratar
em maio a empresa Middle Way Editorial LTDA. A parceria entre a administração e
a firma tem como objeto a confecção de cinco edições de 50 mil exemplares, ou
seja 250 mil unidades, de revistas em quadrinhos e a produção de desenhos
animados educativos com duração de cinco minutos.
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